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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Empresas usam mindfulness para reduzir estresse dos funcionários

A especialista de Marketing da Vivo Karina Hassen na sala de meditação da empresa


Quem trabalha no piloto automático toma decisões piores e usa pouco a criatividade. Uma maneira de reverter isso é treinar a concentração no momento presente.

 A receita é da psicóloga e pesquisadora da Universidade Harvard (EUA) Ellen Langer.

Ela é autora do livro "Mindfulness" (sem edição no Brasil), título em inglês que pode ser traduzido como atenção plena —segundo Langer, "é o processo de notar mais as coisas". "Ao deixar de viver no automático, a pessoa fica mais atenta ao seu cotidiano, o que gera novas ideias", diz ela.

A maneira clássica de desenvolver a atenção plena é por meio de meditação. São milhares de técnicas, mas a essência é simples: basta a pessoa sentar com a coluna reta e ficar atenta à respiração, sem dar atenção aos próprios pensamentos.

No começo, cinco minutos já bastam. A prática foi adotada por várias empresas. A Vivo oferece uma sala especial para meditação, o Google tem instrutores e aulas de ioga e a Salesforce dá um subsídio mensal aos funcionários para que façam cursos na área.



As técnicas buscam minimizar o estresse das pessoas em ambientes de trabalho em que a cobrança é severa. "Estamos num mercado agressivo, então oferecemos algo para lidar com pressão", diz o diretor de marketing da Salesforce, Daniel Hoe.

 Além de meditar ou fazer ioga, é vital mudar a própria atitude. "O estresse é um produto da forma como reagimos aos problemas, por isso não adianta nada se a pessoa não muda o jeito de ver as coisas", afirma Anne Dutton, especialista em mindfulness da Universidade Yale (EUA).

 Uma maneira de mudar o foco é prestar atenção ao que é importante agora, ensina a neurocientista Elisa Kozasa, do Hospital Albert Einstein. "Assim, evita-se que a pessoa se distraia demais com seus problemas", afirma. A especialista em marketing da Vivo Karina Hassen, 42, diz que se tornou mais atenta graças à meditação, que pratica diariamente, por 20 minutos, há 16 anos. "Aprendi a sofrer menos porque só lido com uma coisa por vez. Penso melhor."


SOB CONTROLE

 Conter os pensamentos, deixando de lado o que está fora do controle, ajuda a minimizar sintomas físicos, como taquicardia, e psíquicos, como o olhar pessimista para os problemas, diz o psiquiatra Paulo Mattos, do Instituto D'Or. "A pessoa passa a ter maior controle cognitivo."

 Atingir esse equilíbrio é o objetivo da analista de vendas Gabriela Torres, 27, que adotou o mindfulness neste ano. "Trabalho em uma área estressante e preciso de algo que me ajude a reagir melhor às demandas."

Aula de ioga na sede do Google em São Paulo; programa foi importado os EUA.


ALÉM DO TRABALHO

 Não é uma boa ideia usar as técnicas só para aumentar a produtividade, critica Stephen Little, especialista em atenção plena da School of Life, em São Paulo.

 "A proposta não é só melhorar a concentração ou os resultados, mas ficar mais sábio e compassivo, afirma. E isso leva tempo.

 O engenheiro Tom Nora, 32, que adotou o mindfulness em 2012, conta que só passou a sentir os efeitos depois de dois anos de prática.

 "Vi que precisaria disso para sempre.

Hoje, faço esse exercício de atenção até quando estou surfando, uma meditação na prática", diz. Para Nora, o maior benefício percebido foi o de aprender a lidar com colegas.

"Se você escuta com atenção entende as dificuldades dos outros e tem ideias melhores."

O desafio é conseguir um tempo para recarregar as energias, aponta o médico Marcelo Demarzo, do centro de mindfulness da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "É como exercício físico, não adianta fazer uma vez e esperar mudanças", diz.

Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2017/10/1926334-empresas-entram-na-onda-da-atencao-plena.shtml

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